Skip to main content
search

Rob Ferguson construiu uma carreira de sucesso ao longo de mais de três décadas no mundo em constante evolução da mineração e do software de geologia. Ele conversou com a Colleen O’Hanlon sobre sua notável trajetória, desde as duras condições das operações de mineração na década de 1980 até a vanguarda da inovação na Seequent em 2024, ano em que passou a caminhar para a merecida aposentadoria.

Quando Rob Ferguson embarcou em uma carreira na mineração em 1989, tudo era muito mais simples.

As ferramentas de trabalho eram papel e caneta, ninguém ainda tinha ouvido falar da Internet e, quando o tema de uma conversa era “nuvem”, referiam-se apenas ao clima.

Em 2024, Rob se aposentou do cargo de diretor de segmento, exploração e gerenciamento de recursos na Seequent, encerrando uma carreira durante a qual ele testemunhou uma mudança de paradigma na maneira como a exploração e a mineração são conduzidas, especialmente nos últimos cinco a oito anos.

Rob Ferguson se aposentou da função de diretor de segmento, exploração e gerenciamento de recursos na Seequent.

Com todos os outros avanços da era digital, ao lançar mão das inovações tecnológicas, as empresas de mineração transformaram suas operações para crescer rapidamente e, ao mesmo tempo, avançar em suas metas ambientais, sociais e de governança (ESG).

“Durante décadas, as pessoas tinham que ir de avião até o local dos dados, que poderiam ser o próprio testemunho de sondagem ou seções transversais traçadas em um papel. Também analisavam pessoalmente o modelo de blocos porque, por ser muito grande (10 gigabytes), não era possível transferi-lo digitalmente, ou seja, era preciso ir até os dados.”

Hoje em dia, usando tecnologias como o Imago da Seequent, os geólogos podem tirar uma foto do testemunho de sondagem para que seja compartilhada e analisada em tempo real com colegas em qualquer lugar do mundo.

Desse modo, os especialistas em domínio não precisam ficar viajando e, obviamente, não só economizam em despesas de viagem, mas também reduzem sua pegada ambiental, o que eu acho ótimo."

Rob Ferguson

A formação original, quando o Rob deixou de ser profissional autônomo e passou a integrar a equipe da Seequent (na época, Aranz Geo). Da esquerda para a direita, Janina Elliott, recém-nomeada diretora de segmento de mineração na Seequent, Lorraine Tam, Shaun Maloney (CEO anterior), Lisa Swinnard, Maria Kothlow e Heather Ferguson.

É claro que esse recurso em tempo real permite uma tomada de decisão mais rápida e baseada em dados, o que é essencial para um setor em que a perfuração custa caro e há pouco investimento. Saber exatamente onde encontrar a agulha da mineração no palheiro geológico está se tornando cada vez mais importante à medida que a demanda de recursos aumenta.

E aumentará muito. O Banco Mundial estima que a demanda de materiais essenciais aumentará 500% até 2050. Somada à necessidade de transformar suas operações com o objetivo de atingir neutralidade de carbono, essa demanda crescente cria um cenário setorial que precisa de uma mentalidade voltada para a inovação.

A tecnologia para nuvem transformou a mineração nos últimos cinco anos e continuará moldando o futuro do setor.

REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Rob passou do papel e caneta para o desenho em 2D em aplicativos CAD, incluindo o Microstation da Bentley Systems em meados da década de 1990.

“Agora vejo que minha carreira fechou o ciclo: a Seequent é The Bentley Subsurface Company.”

Não demorou muito para que ele fosse para o desenvolvimento de software, uma área em que passaria os 25 anos seguintes da carreira. Esse período foi repleto de avanços tecnológicos, mas, no caso da mineração, o ritmo do progresso aumentou mesmo nos últimos cinco anos, quando a tecnologia para nuvem foi incorporada ao setor.

"Quando lançamos o Seequent Central em 2015, ele era baseado em servidor, no local, e isso não era tão ruim, mas, assim que começamos a convidar os clientes a colocar seus dados na nuvem, houve uma grande resistência”, relembra Rob.

A falta de compreensão dos modelos de segurança na nuvem gerou uma falta de confiança na tecnologia. Foram necessários cinco anos e uma pandemia mundial para que alguns clientes reconhecessem os benefícios de trabalhar na nuvem.

A presença mais modesta da Seequent na PDAC 2016 em comparação com a apresentação mais impactante de 2024 (abaixo).

“Na verdade, agora estamos colocando tudo na nuvem, e esse é o rumo que o setor está tomando”, reforça ele.

“Ainda há alguns usuários resistentes, mas, em geral, todos na mineração estão seguindo nessa direção. Foi principalmente devido à pandemia de COVID-19 e à obrigatoriedade do trabalho remoto que se reconheceram os benefícios de manter os dados na nuvem, permitindo que as empresas compartilhem informações, colaborem e tomem decisões à distância, sem a necessidade de proximidade física com os dados. A confiança veio.”

As vantagens de poder tomar decisões em tempo real são tangíveis, por exemplo, continuar ou interromper a perfuração.

“Você pode otimizar seu programa de perfuração com base nas informações que obterá antecipadamente. Nem toda empresa de mineração tem um especialista em domínio em todas as partes do mundo ou em todas as minas em que opera. Os especialistas costumavam viajar para visitar os projetos umas três ou quatro vezes por ano. Agora, essas informações estão disponíveis a qualquer momento e em qualquer lugar.”

AS PERSPECTIVAS PARA A MINERAÇÃO

Ciclos de curto prazo, como o resultado das eleições nos Estados Unidos e o impacto de eventos como a pandemia COVID-19 e os conflitos geopolíticos, são tempestades a serem enfrentadas. Assim como soluços, eles aparecem de forma incômoda, mas logo desaparecem, revelando os superciclos de longo prazo que definem a saúde geral do setor.

Rob tem esperança de que, até meados do ano de 2025, haja mais investimentos e financiamentos no setor de mineração, em grande parte graças à queda das taxas de juros.

“Se as taxas de juros continuarem caindo, poderemos ver a exploração voltar ao patamar alto em que estava em 2022”, disse ele.

No longo prazo, as perspectivas para a mineração parecem muito mais otimistas. Dois fatores impulsionam essa demanda: o esforço global para eliminar o uso de carbono como fonte de energia e o papel essencial do cobre na transmissão e no consumo de energia em veículos elétricos, smartphones e outros dispositivos eletrônicos.

EV

A migração para fontes de energia limpa e renovável continuará impulsionando a demanda de cobre como o principal metal usado para transmitir energia, inclusive em veículos elétricos.

“O que sabemos é que a demanda de metais e minerais vai aumentar com o tempo, pois queremos parar de usar carbono para energia. O cobre é o principal metal usado na transmissão e no consumo de energia em termos de EVs, por exemplo.”

Quando escrevi este artigo, os preços das commodities estavam apresentando uma volatilidade acima do normal após as eleições nos Estados Unidos.

Ainda pode ser difícil obter investimentos, já que o interesse dos investidores está cada vez mais voltado para ações de empresas de tecnologia que desenvolvem centros de dados para impulsionar os avanços da inteligência artificial e do aprendizado de máquina.

Rob com algumas amostras de testemunho de sondagem no escritório da Seequent em Vancouver

“Em algum momento, é de se esperar que isso volte a mudar, já que o valor dessas empresas de mineração tende a aumentar com a demanda contínua por suas commodities.”

Rob aponta como sinais encorajadores o crescimento das fusões e aquisições no emergente setor de tecnologia para mineração, incluindo a aquisição da Seequent pela Bentley Systems, além do crescente interesse do capital privado no setor.”

“Atualmente, não é algo inédito que as start-ups levantem de US$–5 a 10 milhões como investimento inicial só porque têm uma ótima ideia. Os participantes mais antigos do setor, que estão no mercado há uns 45 anos, não recebem esse tipo de investimento”, declarou Rob.

No futuro, as máquinas pesadas usadas na mineração serão cada vez mais operadas remotamente, direto de um escritório, e não de dentro de uma cabine.

COMO A TECNOLOGIA ESTÁ MUDANDO O CENÁRIO DA MINERAÇÃO

O futuro da mineração é aquele em que o avanço tecnológico e a gestão ambiental caminham juntos.

É provável que as minas do futuro precisem de menos pessoas, já que as empresas de mineração pretendem eliminar os riscos para as pessoas e o meio ambiente. Com o trabalho remoto se consolidando como norma, o setor pode esperar avanços como a operação autônoma de equipamentos e sistemas pesados.

“Muitas das grandes empresas de mineração estão tentando tirar as pessoas da mina, tentando usar a tecnologia para eliminar o risco e a pegada das pessoas. Esse é um de seus objetivos. Isso significa que, se você não precisa estar no local, não esteja.”

Rob e Heather Ferguson treinando para a aposentadoria.

O FUTURO DE ROB

Os últimos 34 anos foram revolucionários para Rob e, apesar dos muitos altos e baixos, ele é grato pelas escolhas que fez na juventude.

“Adorei minha carreira, as pessoas e o trabalho. Em 2025 e nos anos seguintes, algumas tecnologias serão lançadas e eu me sinto um pouco negligente por não ter me envolvido com o lançamento delas, já que fiz parte dessa jornada nos últimos sete, oito anos. No entanto, há pessoas extremamente talentosas para dar continuidade ao trabalho”, disse Rob.

“Não vou dizer que vou virar marceneiro ou que pretendo jogar golfe todos os dias. Agora é a hora de fazer mais coisas que eu quero fazer todos os dias”, ele acrescenta.

O último dia do Rob no escritório da Seequent foi em 13 de dezembro de 2024. A Dra. Janina Elliott foi nomeada diretora de segmento de mineração na Seequent.