Seis especialistas compartilharam seus interesses e suas preocupações sobre o futuro da mineração. Como o setor pode gerar lucros e transformar práticas e resultados por meio dos mais recentes avanços em tecnologia e análise de dados de subsuperfícies?
Quantos profissionais dependem de uma inteligência eficiente para dados de subsuperfícies? 10.000? 100.000?
E quantas pessoas em todo o mundo?
Tudo o que compramos, usamos ou consumimos envolve a mineração de alguma forma. Isso significa que, até certo ponto (talvez muitos), uma melhor compreensão da subsuperfície torna viável a vida cotidiana.
Então, o que podemos fazer para tornar essa compreensão mais confiável, mais clara e mais adequada às transições para garantir a sustentabilidade necessária, além do desenvolvimento de todas essas vidas e da prosperidade dos setores que as atendem?
Da esquerda para a direita, Rob Ferguson, Shelby Yee, Marcelo Godoy, Sally Goodman, John Vandermay e Anthony Vaccaro
em Toronto no dia 4 de março. Crédito da foto: Seequent
Na recente conferência da PDAC, que é a principal convenção sobre exploração mineral e mineração do mundo, a apresentação da Seequent sobre inteligência para dados de subsuperfícies abordou esses desafios com os seguintes profissionais da área: o palestrante futurista Nikolas Badminton, Graham Grant (CEO da Seequent) que fez os comentários de abertura, John Vandermay (diretor de tecnologia da Seequent), Sally Goodman (vice-presidente de exploração generativa da Newmont), Marcelo Godoy (diretor de tecnologia da Anglo Gold Ashanti), Shelby Yee (CEO e fundadora da RockMass Technologies) e Rob Ferguson (diretor de exploração mineral da Seequent).
Como lidar com o enorme crescimento da demanda por minerais
Uma conclusão incontestável do debate foi a necessidade mundial de aumentar a mineração para alcançar os objetivos de energia mais limpa, redução de emissões de carbono e aumento do transporte elétrico universal, entre outras metas. Todos dependem da produção em quantidade e qualidade cada vez maiores de minerais essenciais.
Um relatório de 2020 sobre mudanças climáticas estimou pelo menos 3 bilhões de toneladas de minerais e metais para viabilizar as energias eólica, solar e geotérmica. Portanto, é claro que nenhuma grande redução nas emissões pode ser alcançada sem os minerais adequados para viabilizar a tecnologia certa.
Mas não é fácil encontrar e nem simples explorar os depósitos necessários para atingir esses objetivos. O processo é distinto do adotado nas descobertas feitas antigamente. Esses depósitos ficam abaixo de centenas de metros de cobertura em uma geologia complexa e em locais remotos.
”"A exploração está cada vez mais difícil."
Marcelo Godoy
“Não é fácil encontrar depósitos. É difícil obter os modelos adequados para prospecção. É preciso haver uma mudança de paradigma se quisermos começar a encontrar novos depósitos, pois enviar pesquisadores minerais para percorrer o campo, como antigamente, não funciona mais.”
Mais dados e mais formas para encontrar minerais
“Maneiras mais eficientes de coletar e interrogar dados serão essenciais para essa mudança, mas os recursos avançados de análise geofísica e instrumentação também serão fundamentais para enfrentar os desafios de uma exploração mais complexa”, argumentou Rob Ferguson. Drones que voam mais perto do solo, miniaturização e sensores que penetram mais profundamente, com o apoio de um software mais inteligente, terão papel e responsabilidade cada vez maiores na descoberta de depósitos nos próximos 20 anos para nos guiar pela transição energética.
Rob Ferguson, diretor de exploração mineral, Seequent
“É importante ressaltar que, para uma modelagem factível de subsuperfície,
é preciso obter todos esses dados, todas essas informações,
de diferentes tecnologias de varredura
e transferi-los dos silos para a nuvem.
Torne os dados acessíveis de qualquer lugar para qualquer pessoa.
Esse é um dos objetivos da Seequent
em parceria com outras empresas.”
Resultados mais rapidamente
John Vandermay, diretor de tecnologia da Seequent, declarou: “Ao trabalhar com dados, é gratificante poder agilizar o processo de modelagem geológica. O ciclo normal de perfuração, análise de laboratório, modelagem de recursos e economia pode levar um ano inteiro ou mais. Isso não é eficiente.” O setor precisa evoluir mais rapidamente e com mais confiança e, para isso, “precisamos normalizar esses dados, inclui-los na nuvem e torná-los acessíveis”, reforçou Vandermay.
Shelby Yee foi incentivada pelo número crescente de novas e criativas tecnologias para dados e soluções para coleta de dados. Por exemplo, a RockMass fornece imagens coloridas de tecnologia LiDAR aos geólogos de produção para que eles possam atualizar seu modelo em tempo real. A Ideon trabalha com a BHP para mapear um bilhão e meio de metros cúbicos de subsuperfície usando tomografia de múons. Além disso, a Novamera é capaz de extrair minério de veios estreitos com mergulhos muito inclinados.
”Muitas tecnologias para subsuperfícies estão disponíveis, e todas com um objetivo em comum: minerar com mais precisão.
Shelby Yee
Qual é o papel da inteligência artificial nesse contexto?
“Embora a inteligência artificial possa ser extremamente eficaz para reunir dados e extrair valor deles, ainda precisamos de maneiras eficientes para associar esses insights à intuição de um geólogo competente”, observou Sally Goodman.
O foco de um sistema puramente baseado em dados é sempre o passado. “Mas o próximo depósito nunca é uma imagem espelhada do anterior. Portanto, trata-se de combinar a experiência e a compreensão de um geólogo com o amplo potencial de processamento de dados que a inteligência artificial nos proporciona.”
Nikolas Badminton esperava que a era da inteligência artificial conversacional, que se aproxima rapidamente, fosse uma maneira de oferecer esse novo modelo de inteligência para dados de subsuperfícies até “conversar com ela e contar os seus problemas. Você pede que ela verifique os dados de maneiras totalmente novas. Há uma enorme vantagem nisso, principalmente com o grande volume de dados que todos nós processaremos.”
Ele também via a automação como uma parte importante da revolução da mineração. “Sabemos que a inteligência artificial está chegando ao mercado da mineração e, embora ainda seja algo caro (não podemos comprar milhares de equipamentos de uma vez), será um mercado enorme daqui a dez anos. Os avanços, as tecnologias, os recursos e a capacidade de acessar essa tecnologia ficarão mais baratos ao longo do tempo, e os veremos cada vez mais”, afirmou Badminton.
Por fim, a mineração tem um problema de comunicação? E como as empresas podem se preparar para as próximas etapas?
“Embora a mineração enfrente as dificuldades nessa transição rumo à sustentabilidade, geralmente, há uma lacuna entre os seus esforços nos bastidores e a percepção do público sobre o seu entusiasmo para construção de um mundo mais verde”, explicou Sally Goodman. Como setor, a mineração não é eficaz ao se comunicar com o mundo, “gostamos de manter a discrição e não falar muito sobre o que realizamos, mas temos uma recomendação a fazer para todos: quem quiser uma economia pós-carbono precisa aumentar a mineração.
”Precisamos eliminar esse hábito. Precisamos nos sentir mais à vontade para melhorar a comunicação."
Sally Goodman
Como? Com dados.
Ser capaz de pesquisar geoespacialmente e aproveitar seus ativos de dados é fundamental para compreender o resultado do seu trabalho e o verdadeiro potencial que qualquer nova descoberta pode ter. Além disso, a importância de poder tomar decisões em tempo real diariamente é essencial para que as empresas de mineração consigam avançar com rapidez suficiente para aproveitar novas oportunidades, reduzir riscos e preencher qualquer lacuna na percepção do público em relação ao setor de mineração.
“A mineração torna a vida possível. Ela é a base de tudo o que existe no planeta”, comentou Graham Grant.
Graham Grant, CEO, Seequent
“A Seequent desempenha um papel especial de ajudar pessoas a compreender a subsuperfície por meio da inteligência para dados de subsuperfícies”, acrescentou Grant.
Assista a uma entrevista do Graham Grant com a Battery Commodity no YouTube
“Mas o segredo para aproveitar todas essas soluções de inteligência para dados de subsuperfícies está em tomar medidas pequenas, práticas e sensatas, além de implantar ou adotar tecnologia de baixo risco e alto resultado”, revelou Shelby Yee. “Se você entrar na academia e já começar as atividades levantando os pesos mais pesados, terá problemas.” Mas se tomar medidas seguras para coletar e gerenciar dados de forma estruturada e uniforme, você “cria uma base e transforma conhecimento em sabedoria”.
”"Se conseguirmos desenvolver essa compreensão, poderemos construir um futuro melhor no planeta."
concluded Graham Grant.