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Já relatamos a decisão do Reino Unido de aumentar o valor a ser pago por parques eólicos offshore para geração de energia elétrica. Trata-se de um reconhecimento do aumento dos custos que o setor enfrenta e uma possível ajuda. Mas em que outro lugar do mundo o setor está recebendo apoio e incentivo?

EUROPA — na virada do ano, o abalado setor de energia eólica da Europa recebeu um incentivo bem-vindo com a assinatura da Carta europeia para energia eólica, uma iniciativa que promete licenças mais rápidas para geração de energia eólica e um compromisso dos Estados-membros de aumentar a implantação de parques eólicos onshore e offshore.

Embora os compromissos sejam voluntários, o entusiasmo pela Carta foi demonstrado pelo fato de que todos os países da União Europeia a assinaram (exceto a Hungria, que tem as próprias questões na UE), além de mais de 300 empresas do setor. Isso foi visto pela comissária europeia da energia, Kadri Simson, como “uma confirmação da determinação coletiva da UE de ter um setor europeu de energia eólica forte e resistente”.

O plano tem vários objetivos, como facilitar o acesso das empresas de energia eólica ao financiamento da UE, incluindo fundos anteriormente destinados a inovação e pesquisa. Teoricamente, isso deve reduzir os custos de financiamento para fabricação de equipamentos e ajudar o setor a reduzir riscos e aumentar a capacidade de geração de energia.

Entretanto, o plano também tem ações (principalmente em torno de sustentabilidade, segurança cibernética, inovação e normas trabalhistas) destinadas a proteger os fabricantes de equipamentos originais (OEMs, Original Equipment Manufacturers) europeus da ameaça percebida da concorrência chinesa.

Essas medidas foram tomadas após um ano em que alguns desses fabricantes de equipamentos originais nacionais enfrentaram perdas e cortes. Há o argumento de que o atual processo de leilão orientado por preços favoreceu os desenvolvedores que usam turbinas chinesas mais baratas, embora, na verdade, tenha havido pouca penetração desse tipo (até o momento). O setor de energia eólica europeu tem feito pressão para mudar isso, e as autoridades comerciais também estão começando a questionar algumas práticas de subsídio de países não pertencentes à UE.

Em fevereiro, a UE anunciou planos para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 90% até 2024, como parte de seu compromisso de tornar-se o primeiro continente do mundo a atingir a neutralidade climática. Isso equivale a usar 80% menos combustíveis fósseis em 2024 do que em 2021. Embora alguns críticos tenham citado a postura permissiva da Comissão sobre a redução das emissões da agricultura como um aceno tímido para um setor agrícola problemático, ainda assim, o plano continua desenhando um futuro cada vez mais promissor para o setor de energia eólica offshore e outras energias renováveis.

ESTADOS UNIDOS Enquanto isso, nos Estados Unidos, o setor espera ter um 2024 mais promissor, com muito trabalho devido ao início de vários projetos que foram atrasados ou envolvidos em problemas de financiamento em 2023. Assim como na Europa, a inflação e os problemas na cadeia de suprimentos afetaram gravemente vários estados, e várias empresas tiveram grandes prejuízos, equivalentes a vários bilhões de dólares, pois os projetos offshore planejados foram surpreendidos pelo aumento dos custos.

De acordo com as pesquisas do Deloitte Research Center for Energy & Industrials, a inflação e as taxas de juros também “afetaram desproporcionalmente o setor de energia eólica offshore, que registrou um aumento de 50% em seus custos nivelados de energia (LCOEs, Levelised Costs of Energy) de 2021 a 2023”. No entanto, um pacote de créditos fiscais da Lei de redução da inflação (IRA, Inflation Reduction Act) poderia facilitar a vida do setor de energia eólica em 2024, mesmo que não recupere a recente tendência histórica de queda do LCOE.

A energia eólica offshore também continua sendo um elemento essencial das ambições do presidente Biden para tornar verde a rede elétrica dos Estados Unidos e para combater as mudanças climáticas. Enquanto isso, jurisdições que representam mais da metade das vendas de energia elétrica no varejo nos Estados Unidos, agora, têm normas em vigor relacionadas a portfólio obrigatório de projetos de energias renováveis, e espera-se que mais estados, localidades e serviços públicos invistam em energias renováveis em 2024, também apoiados pelos mecanismos IRA.

Apesar dos desafios de 2023, um número cada vez maior de estados e o país em geral parecem ter mantido seu compromisso com as metas de energia limpa, mesmo diante das dificuldades enfrentadas. Embora as notícias sejam animadoras, o Deloitte ainda espera que as energias renováveis experimentem “uma decolagem de velocidade variável” no próximo ano.