”“Não há nada mais satisfatório do que realizar um furo de sondagem e ver a água sendo bombeada para abastecimento.”
A Groundwater Relief integra especialistas em hidrogeologia e organizações humanitárias e de desenvolvimento para fornecer água a comunidades vulneráveis em todo o mundo.
Abrir uma torneira e ter água doce não é tão comum quanto você pensa. De acordo com a ONU-Água, cerca de 2,3 bilhões de pessoas vivem em países com escassez de água e 733 milhões vivem em lugares com escassez crítica de água.
“Comecei a trabalhar no setor humanitário como engenheiro de água potável, saneamento e higiene (WASH, Drinking Water, Sanitation and Hygiene), e rapidamente ficou bastante claro que havia uma real falta de especialização na compreensão do que ocorria na subsuperfície“, comentou Geraint Burrows, CEO da Groundwater Relief.
A organização sem fins lucrativos foi criada para preencher a lacuna de conhecimento sobre águas subterrâneas e ajudar a descobrir e gerenciar esse recurso oculto para quem precisa.
“Agora, o abastecimento de água está, em geral, sob pressão ou o consumo é excessivo. É fácil ver, desenvolver e gerir uma fonte de água na superfície,
mas as águas subterrâneas não estão visíveis. Portanto, a regulamentação e a gestão são muito mais difíceis“, explicou Geraint.
A Groundwater Relief é composta por mais de 400 membros com várias especialidades. Eles fornecem apoio hidrogeológico e treinamento para organizações humanitárias e de desenvolvimento em todo o mundo.
Groundwater Relief no campo (crédito: Groundwater Relief)
Água como uma necessidade humana universal
Enquanto eles se concentram em hidrogeologia, a equipe do Geraint é movida por uma missão além da ciência.
“Em última análise, estamos tentando atender famílias e indivíduos que não têm acesso a um abastecimento seguro de água”, comentou ele.
Eles ajudam as organizações que estão tentando fornecer água a pessoas em situação vulnerável, instituições responsáveis pela gestão do abastecimento de água no país e empresas locais.
“Nós entramos em contato com eles em busca de capacitação engajando os nossos especialistas no mundo inteiro para trabalhar com essas equipes locais a fim melhorar o conhecimento, a compreensão e a maneira como os projetos são executados e o dinheiro é gasto.
Podemos oferecer assessoria em relação a desenvolvimento mais amplo, definição de programas de monitoramento e gestão dos recursos hídricos“, comentou Geraint.
O sucesso é descobrir que os seus modelos de fluxo de águas subterrâneas correspondem à realidade. A recompensa final é saber que mais pessoas têm acesso a água doce.
“Não há nada mais satisfatório do que realizar um furo de sondagem e ver a água sendo bombeada para abastecimento”, comentou ele.
Capacitação ou treinamento no local é uma parte fundamental do impacto gerado pela Groundwater Relief (crédito: Groundwater Relief)
Importância da Groundwater Relief nos campos de refugiados
Hoje, existem mais de 26,6 milhões de refugiados no mundo; é o maior número já registrado pelo Alto comissariado das Nações Unidas para refugiados. Os campos de refugiados estão crescendo à medida que questões ambientais, políticas e econômicas forçam o deslocamento em massa de grupos de pessoas.
“Cada situação é bem distinta. Afinal, você trabalha com pessoas que, muitas vezes, perderam quase tudo. Eles não estão em campos de refugiados por escolha mas por necessidade”, comentou Geraint.
Geralmente, a fuga é apenas o início dos desafios que os refugiados enfrentam. Depois de estabelecer a segurança em um acampamento, a água é uma preocupação vital que cresce conforme a duração de um acampamento.
Se as fontes de água forem esgotadas, podem surgir tensões entre as comunidades próximas e os campos.
“Se os seus recursos começarem a se esgotar ou os seus furos de sondagem pararem de bombear água, isso pode causar problemas.
A vida média mínima de um campo de refugiados é de 20 anos, pelo menos. Elas são moradias de longo prazo”, explicou Geraint.
A perfuração de furos de sondagem e a descoberta de novas fontes de água podem ajudar a aliviar as tensões e a aumentar o acesso à água.
Perfuração para água ao pôr-do-sol (crédito: Groundwater Relief)
Aumento do fornecimento de água no Sudão
Mais de 120.000 refugiados dependem da água sob o campo de Bentiu no sul do Sudão. Para esse projeto, a equipe ajudou a desenvolver um modelo de fluxo de águas subterrâneas a fim de definir novos locais de perfuração em busca de água.
“Tivemos muita sorte em ter o Thomas Krom (diretor de segmento, meio ambiente, da Seequent) como um de nossos membros. Ele foi muito gentil em criar, para nós, os primeiros modelos no Leapfrog quando trabalhamos no Sul do Sudão”, comentou Geraint.
“Tínhamos entre 10 e 12 registros de furos de sondagem para criar o modelo para o acampamento. Usamos esses registros de furo sondagem para criar um perfil geológico no Leapfrog.”
Após a criação do modelo em 3D de fluxo de águas subterrâneas, eles ficaram aliviados ao encontrar outros recursos hídricos sob os seus pés.
“Vimos dois sistemas: um sistema mais profundo e um sistema raso. Eles foram validados por meio de dados de teste de bombeamento e dados de teste da qualidade da água. Isso ajudou a estabelecer as especificações para o fornecimento de água para o acampamento.”
Modelo dos aquíferos em Bentiu criados no Leapfrog (crédito: Groundwater Relief)
Água para o maior campo de refugiados do mundo
Recentemente, a equipe do Geraint trabalhou com a Universidade de Dhaka, em Bangladesh, para criar o primeiro modelo de fluxo de águas subterrâneas dos aquíferos abaixo de Cox’s Bazar, que é cidade anfitriã do maior assentamento de refugiados do mundo.
Cerca de 1 milhão de refugiados vivem em acampamentos nessa região. Além de água potável, a água para banho é fundamental para prevenir a propagação de doenças nessas comunidades densamente povoadas. A demanda de água é alta.
“Este modelo foi capaz de divulgar, para a comunidade internacional, informações sobre o abastecimento de água no campo de refugiados de Rohingya. Havia ali uma grande bacia hidrográfica que, atualmente, mantém o abastecimento de água para esses refugiados.
Temos sido capazes de prever os impactos que a captação dessa água causará na comunidade anfitriã e de sugerir medidas de mitigação“, comentou Geraint.
A Groundwater Relief tem mais de 400 membros que usam suas habilidades para ajudar a encontrar água para pessoas em condições vulneráveis em todo o mundo. (crédito: Groundwater Relief)
Dados sobre águas subterrâneas para o futuro
No sudoeste do Iêmen, a Groundwater Relief conseguiu encontrar um banco de dados de informações perdidas que foi reunido antes do início da guerra civil em 2014.
“Esperamos que esse banco de dados seja recuperado e usado novamente para obtermos uma melhor compreensão dos recursos hídricos subterrâneos.”
Além de trabalhar com dados existentes, o Geraint observa que, muitas vezes, áreas com escassez de recursos hídricos também sofrem com a ausência de dados sobre os recursos hídricos.
“Como organização, o nosso próximo esforço é entrar em áreas onde há recursos vulneráveis de águas subterrâneas e onde há uma nítida ausência de dados.
É necessário começar a trabalhar, com autoridades e organizações, nesse solo a fim de criar conjuntos de dados para que esses recursos sejam melhor geridos no futuro.“
Ao fornecer conhecimento e treinamento, a Groundwater Relief pode ajudar as comunidades e as organizações locais a descobrir e gerir as águas subterrâneas, o que ajuda a reduzir o número de pessoas sem acesso adequado à água.
“Cientistas, universidades, hidrogeólogos e empresas, entre outros, podem se engajar para assessorar as agências reguladoras e os tomadores de decisão a gerir melhor esses recursos.”
Para saber mais informações sobre esse trabalho, acesse o website da Groundwater Relief.